sábado, junho 17, 2006

Tipos de mulheres

Há alguns dias atrás, conversava com uma amiga que, assim como eu, filosofa sobre as intrincadas relações humanas.
Ela me dizia que em conversa com um outro amigo seu, este lhe dizia que existem três tipos de mulheres: (i) para conversar, (ii) para mostrar aos amigos e, finalmente, (iii) aquelas que são para casar.
Achei muito interessante a definição que rola à boca pequena em nosso universo masculino. Acho até que inconscientemente muitos homens pensam dessa maneira. Mas nunca havia me deparado com a definição; àquelas poucas palavras que traduzem um pensamento abrangente.
E refletindo sobre o tal conceito que permeia a mente de inúmeros homens, sem entrar no mérito de ser válido ou não tal pensamento, mesmo porque as mulheres também devem ter inúmeras definições sobre os tipos de homens, reflito e chego a uma conclusão:
Parece-me que foi o brilhante e sábio Rubem Alves que em uma de suas obras disse que o ideal é procurarmos para casar uma pessoa com quem gostamos de conversar, até porque, depois de algum tempo a única coisa que restará será a conversa. O sexo com o tempo se vai. E se a conversa não é boa, como manter uma relação por anos a fio?
Aqui temos então o uso de duas das três possíveis definições de mulher, segundo o conceito que habita o imaginário masculino. O mestre Rubem não liga para aquele tipo “para mostrar aos amigos”. Na verdade, em entrelinhas, deixa claro que isso não é importante.
Por outro lado, nas conversas de botequim regado à cerveja, em nossos inúmeros happy hours cotidianos, percebe-se que o importante aos olhos masculinos é mesmo esse tipo de mulher. Porém, satisfeito o instinto masculino, a vaidade e o orgulho a ser demonstrado perante a sociedade (e os amigos), o que restará entre as quatro paredes do casal?
A minha avó tinha um ditado que até os dias de hoje é repetido pela minha amada mãe: “só sabe que come o sal junto”. Reflito e não contesto. O que se apresenta perante as pessoas pode não ser exatamente o que temos no recanto do lar, na intimidade do casal; e que as inúmeras dificuldades impostas pela vida, como contas a pagar, frustrações, angústias, acabem por consumir o viço, o amor mesmo com o passar dos anos. Pode ser que tenhamos em casa um exemplo de beleza grega com quem desfilamos, por vezes, perante a nossa superficial e exigente sociedade, porém, quando a sós, nenhuma palavra.
Pergunta-me o atento leitor: Como saber então? Qual das três é o modelo ideal de mulher?
Deveríamos segmentar a compreensão por fases da vida? Durante a juventude procurar a bela, na fase adulta estar com aquela com quem gostamos de conversar e na preparação para a terceira fase da vida estar com aquela que seja “para casar”?
Aliás, o que é o tipo de mulher “para casar”? Muito subjetivo, não acham? Alguns podem gostar das recatadas, quietas, que falam mansinho, outros podem gostar das expansivas, falantes, explosivas, um terceiro grupo talvez queira um pouco de equilíbrio entre esses extremos, outros ainda, podem querer somente aquelas que saibam lavar, passar e cozinhar, pasmem!
Tarefa difícil.
Bem, fico com as três! Ou melhor, fico com aquela que reunir as três características. Pois, conhecendo-me um pouco, não duraria uma relação com uma mulher com quem a conversa não seja boa, com que não exista assunto naqueles dias em que nós não temos assunto, mas a simples presença daquele ser nos inspira a falar, falar e falar e ouvir, ouvir, ouvir, eternos...
Quanto àquela que é para mostrar aos amigos, penso que, se a amo, ela deverá estar ao meu lado em qualquer circunstância. Sim, ela será a mulher que desfilará ao meu lado, independentemente de preencher requisitos estereotipados pela cruel sociedade. Aos meus olhos ela será o meu par. E se assim, eu estiver satisfeito, não me importarão os olhares alheios.
Por fim, se encontrei aquela com quem adoro conversar e que desfila seu semblante comigo diante da sociedade (e meus amigos), além de outras inúmeras “pequenas coisas” misteriosas que existem entre um casal e que neste texto não estão contempladas, por que não seria aquela a mulher para casar? Claro que sim! Direi sim perante o Deus, meus amigos e minha sociedade. O resto são apenas rótulos e definições, talvez jocosas e que não importam à grande maravilha que é estar com quem se gosta.

Ivanildo Monteiro
17/06/06.

3 comentários:

Anônimo disse...

Poxa Junior, tava inspirado heim, gostei muito do texto.Parabéns!!!

e para Maitê disse...

- Mulheres.
Se todos tivessem uma visão ao menos parecida com a sua, não existiriam tantas mulheres insatisfeitas ou optando pela solidão!
Vai entender!


Está tentando salvar a espécie professor? rs!
Brincadeira, gostei muito.

Anônimo disse...

Como andam os dias?!
Não podemos esquecer que tantos blá blá blá...são meramentes teóricos e na excelência da prática a maioria correm. Mas, vamos a exceções e louvável que existam. Acredito fortemente nesse contexto, e não desisto de encontrá-lo e saber...que é tão simples e maravilhosamente confortável, um companheiro incrivelmente sensível a ponto de terminarmos os dias juntos regados com muita inteligência emocional...isso é tudo!!!