segunda-feira, agosto 23, 2010

Administrador de gente

Eis que no corre-corre da minha vida, surge uma nova ocupação: administrador de gente. Pois é! Filosofando e divagando sozinho sobre a minha vida e as tarefas que têm demandado minha atenção, percebi que talvez, em essência, essa tem sido minha principal função como indivíduo nos últimos anos...
A família em que nasci, a família que estou formando, as amizades que tenho construído ao longo dos anos, colaboradores e parceiros no âmbito profissional, alunos da Fundação que tenho formado e estou formando, professores sob minha coordenação... E agora, uma nova responsabilidade e incumbência que "cai no meu colo": a missão de pensar e ajudar a gerir um projeto de colaboração a outras pessoas; a possibilidade de exercer a caridade em âmbito material.
De alguma maneira, penso que todas essas atividades encerram a idéia de que de algum modo meus gestos, atitudes e decisões geram certa "repercussão" nesses grupos com que tenho vínculo. Como se eu fosse responsável por uma parte microscópica do que ocorrerá na vida dessa "gente", seja devido a um pequeno instante de aula, ou do resultado de uma reunião ou bate-papo de algumas horas ou ainda de decisões que durarão uma vida inteira...
Pensar assim me faz refletir sobre o outro lado da questão: a responsabilidade e a colheita dos frutos de minhas ações. De que maneira minhas decisões vão interferir na vida dessas pessoas? Tenho agido da melhor maneira possível para com um ou outro grupo?
Não sou e não me acho nem um líder espiritual ou ser humano dotado de alta sabedoria para influenciar pessoas e mover grupos a grandes feitos. Também não estou em busca de holofotes e aplausos. Porém, sei da minha responsabilidade como indivíduo e dela não me esquivarei. Todas as tarefas que hoje demandam minha atenção vieram até mim de maneira absolutamente natural. Quem sabe como esse texto não inspiro ou desperto outras pessoas a fazerem o mesmo?
Considerando que administrar é gerir os recursos disponíveis de modo a maximizar os resultados, tudo farei para ser o melhor administrador possível, agindo no auxílio a todos que de algum modo estão ligados a mim, e ainda, em busca do meu melhoramento como ser humano. Gosto de pensar que talvez essa seja a minha missão espiritual: ajudar as pessoas a melhorarem de algum modo. Enfim, administrar gente.
Friso que este texto não tem sentido de ajuda financeira. Trata-se de cuidar dos recursos inerentes ao ser humano: comportamentais, emocionais, espirituais e somente em última análise, aí sim, que talvez possam gerar um pouco de conforto material .
Peço que Deus me ajude em minha jornada, iluminando o meu caminho para que meus passos sejam firmes e seguros sempre na direção do bem!

segunda-feira, agosto 16, 2010

Andar de carro em São Paulo


Estava refletindo nos últimos dias sobre andar de carro em São Paulo, uma cidade já caótica...
Vamos ver:

Comprando um carro no Brasil - Paga-se preços altíssimos por modelos de carro que no exterior seriam uma piada, como um carro 1.0, por exemplo, mas que para o nosso bolso é um absurdo, pagar cerca de R$ 28.000 num carro 1000. No México compra-se um Honda New Civic por cerca de R$ 40.000,00, aqui o mesmo modelo de carro sai por cerca de R$ 70.000,00. Uma desproporção absurda (certamente por causa dos altos tributos incidentes...)

IPVA - Em média 4% sobre o valor do carro (falar em imposto alto no Brasil é ser redundante...)

Licenciamento - Obrigatório o licenciamento uma vez por ano, para simplesmente rodar a cerca de 30Km/h na cidade em ruas e avenidas esburacadas, em péssimas condições e mal sinalizadas.

Estradas - Esburacadas, perigosas e mal sinalizadas.

Pedágios - Quer rodar em boas estradas? - Basta pagar os altíssimos e inúmeros pedágios localizados nas melhores estradas do país. É uma piada, né? O Estado deveria garantir a manutenção das estradas e rodovias do país, mas é mais fácil transferir o ônus para a população, pagando os tais pedágios a cada poucos quilômetros rodados para se ter o que deveria ser o mínimo...

Rodízio de veículos - Em São Paulo a "milagrosa" solução encontrada para resolver o trânsito caótico foi inventar um rodízio de veículos, em que de acordo com o final da placa, o carro não roda num dos dias da semana no chamado Centro Expandido... Absolutamente genial, para não dizer outra coisa...

Centro Expandido para caminhões - O governo achou que o centro expandido já não estava suficente para conter as centenas de caminhões na cidade que travavam o fluxo; então resolveu expandir o centro expandido, impedindo que caminhões trafeguem também nas marginais Pinheiros (atualmente) e Tietê (futuramente). Assim, se existe uma mercadoria que deve sair do bairro da Barra Funda e seguir para Santo Amaro, por exemplo, o caminhão terá que pegar o rodoanel rodando dezenas de quilômetros a mais e pagando pedágio para entregar a mercadoria. É o Estado trabalhando para o bem-estar da população transferindo todo o ônus para nós, idiotas contribuintes. Aqui a conta foi para as indústrias e caminhoneiros. Não se espante se cada vez mais indústrias saírem de São Paulo, passando a entregar as mercadorias aqui em veículos menores e transferindo o valor de frete (que vai subir) no produto pago por mim e por vocês...
Multas - A cidade de São Paulo é um indústria de multas. Ao invés de enfatizar a orientação no trânsito, a ordem do dia é multar. Os "marronzinhos" tem metas diárias para serem cumpridas com multas aplicadas.

Sinalização - Basta cair uma chuvinha para se ver os semáforos da cidade "piscando", indicando falta de funcionamento. Principalmente na periferia, onde o povo só é lembrado em ano de eleição...

Inspeção veicular - Aqui mais uma vez a conta da estratosférica emissão de poluentes lançada no ar todos os dias foi transferida para o cidadão comum. Todos os anos, o paulistano que é proprietário de um veículo tem que pagar uma taxa de cerca de R$ 60,00 para ter autorização para dirigir. Sem a inspeção, não licencia o carro, podendo aí, ser o veículo apreendido. No começo do processo o dono do carro aprovado na inspeção era restituído do valor pago. Agora não, vai direto para os cofres públicos...

Estacionamento - Vai sair com a namorada, esposa ou pegar uma baladinha solteiro? Prepare o bolso para os caros estacionamentos da nossa cidade. No mínimo R$ 10,00 na periferia. Nos bairros mais nobres, cerca de R$ 15,00 ou R$ 20,00 para deixar o carro estacionado em certa segurança. Digo "certa" segurança porque agora virou moda furtarem os estepes dos carros em estacionamentos, assim como já acontecia na rua...

Flanelinha - Não tem o dinheiro para o estacionamento ou se recusa a pagar o preço. Basta deixar na rua. E logo, se aproxima o "flanelinha" falando pra você que é só deixar "cincão" na volta que tá tudo certo... Vai arriscar não pagar?

Zona azul - Mais uma "brilhante" tentativa de controlar o fluxo de veículos na cidade, criando cada vez mais áreas de zona azul. Assim, vão se diminuindo as vagas livres para estacionamento...

Seguro - O índice de sinistralidade na cidade de São Paulo é alto. Assim, dependo da indústria do crime (roubo de veículos), nós proprietários teremos que arcar com o seguro caro, o mais alto do país.

Trânsito - Absolutamente caótico. Tudo que está listado acima está em vigor e o trânsito continua o mesmo. Pra que investir em transporte público não é mesmo? É muito caro e aí os políticos teriam que esvaziar os cofres polpudos e não teriam como gastar o dinheiro em obras de urgência máxima, como manter uma "gorda" verba de gabinete...

Metrô - Você pega metrô na lista leste-oeste no horário de pico? De manhã e à tarde? Então, deve saber muito bem como é ser uma sardinha enlatada. Há muito tempo, o metrô está defasado e agora às vésperas de eleição, vemos a cidade tornar-se um canteiro de obras, tornando-se ainda mais intransitável, tudo pelo bem do cidadão...

Bem, aí fica a pergunta: O que fazer então? Sinceramente, meu caro leitor, também não sei. Usei o canal para um desabafo... Andar de carro aqui é difícil, o transporte público nem se fala. Mudar-se seria uma opção (e um sonho...), porém, não é tão simples arrumar emprego em outro lugar e abandonar família e amigos...

Tem alguma idéia? Escreve aí...
Abraços!