Estava refletindo nos últimos dias sobre andar de carro em São Paulo, uma cidade já caótica...
Vamos ver:
Comprando um carro no Brasil - Paga-se preços altíssimos por modelos de carro que no exterior seriam uma piada, como um carro 1.0, por exemplo, mas que para o nosso bolso é um absurdo, pagar cerca de R$ 28.000 num carro 1000. No México compra-se um Honda New Civic por cerca de R$ 40.000,00, aqui o mesmo modelo de carro sai por cerca de R$ 70.000,00. Uma desproporção absurda (certamente por causa dos altos tributos incidentes...)
IPVA - Em média 4% sobre o valor do carro (falar em imposto alto no Brasil é ser redundante...)
Licenciamento - Obrigatório o licenciamento uma vez por ano, para simplesmente rodar a cerca de 30Km/h na cidade em ruas e avenidas esburacadas, em péssimas condições e mal sinalizadas.
Estradas - Esburacadas, perigosas e mal sinalizadas.
Pedágios - Quer rodar em boas estradas? - Basta pagar os altíssimos e inúmeros pedágios localizados nas melhores estradas do país. É uma piada, né? O Estado deveria garantir a manutenção das estradas e rodovias do país, mas é mais fácil transferir o ônus para a população, pagando os tais pedágios a cada poucos quilômetros rodados para se ter o que deveria ser o mínimo...
Rodízio de veículos - Em São Paulo a "milagrosa" solução encontrada para resolver o trânsito caótico foi inventar um rodízio de veículos, em que de acordo com o final da placa, o carro não roda num dos dias da semana no chamado Centro Expandido... Absolutamente genial, para não dizer outra coisa...
Centro Expandido para caminhões - O governo achou que o centro expandido já não estava suficente para conter as centenas de caminhões na cidade que travavam o fluxo; então resolveu expandir o centro expandido, impedindo que caminhões trafeguem também nas marginais Pinheiros (atualmente) e Tietê (futuramente). Assim, se existe uma mercadoria que deve sair do bairro da Barra Funda e seguir para Santo Amaro, por exemplo, o caminhão terá que pegar o rodoanel rodando dezenas de quilômetros a mais e pagando pedágio para entregar a mercadoria. É o Estado trabalhando para o bem-estar da população transferindo todo o ônus para nós, idiotas contribuintes. Aqui a conta foi para as indústrias e caminhoneiros. Não se espante se cada vez mais indústrias saírem de São Paulo, passando a entregar as mercadorias aqui em veículos menores e transferindo o valor de frete (que vai subir) no produto pago por mim e por vocês...
Multas - A cidade de São Paulo é um indústria de multas. Ao invés de enfatizar a orientação no trânsito, a ordem do dia é multar. Os "marronzinhos" tem metas diárias para serem cumpridas com multas aplicadas.
Sinalização - Basta cair uma chuvinha para se ver os semáforos da cidade "piscando", indicando falta de funcionamento. Principalmente na periferia, onde o povo só é lembrado em ano de eleição...
Inspeção veicular - Aqui mais uma vez a conta da estratosférica emissão de poluentes lançada no ar todos os dias foi transferida para o cidadão comum. Todos os anos, o paulistano que é proprietário de um veículo tem que pagar uma taxa de cerca de R$ 60,00 para ter autorização para dirigir. Sem a inspeção, não licencia o carro, podendo aí, ser o veículo apreendido. No começo do processo o dono do carro aprovado na inspeção era restituído do valor pago. Agora não, vai direto para os cofres públicos...
Estacionamento - Vai sair com a namorada, esposa ou pegar uma baladinha solteiro? Prepare o bolso para os caros estacionamentos da nossa cidade. No mínimo R$ 10,00 na periferia. Nos bairros mais nobres, cerca de R$ 15,00 ou R$ 20,00 para deixar o carro estacionado em certa segurança. Digo "certa" segurança porque agora virou moda furtarem os estepes dos carros em estacionamentos, assim como já acontecia na rua...
Flanelinha - Não tem o dinheiro para o estacionamento ou se recusa a pagar o preço. Basta deixar na rua. E logo, se aproxima o "flanelinha" falando pra você que é só deixar "cincão" na volta que tá tudo certo... Vai arriscar não pagar?
Zona azul - Mais uma "brilhante" tentativa de controlar o fluxo de veículos na cidade, criando cada vez mais áreas de zona azul. Assim, vão se diminuindo as vagas livres para estacionamento...
Seguro - O índice de sinistralidade na cidade de São Paulo é alto. Assim, dependo da indústria do crime (roubo de veículos), nós proprietários teremos que arcar com o seguro caro, o mais alto do país.
Trânsito - Absolutamente caótico. Tudo que está listado acima está em vigor e o trânsito continua o mesmo. Pra que investir em transporte público não é mesmo? É muito caro e aí os políticos teriam que esvaziar os cofres polpudos e não teriam como gastar o dinheiro em obras de urgência máxima, como manter uma "gorda" verba de gabinete...
Metrô - Você pega metrô na lista leste-oeste no horário de pico? De manhã e à tarde? Então, deve saber muito bem como é ser uma sardinha enlatada. Há muito tempo, o metrô está defasado e agora às vésperas de eleição, vemos a cidade tornar-se um canteiro de obras, tornando-se ainda mais intransitável, tudo pelo bem do cidadão...
Bem, aí fica a pergunta: O que fazer então? Sinceramente, meu caro leitor, também não sei. Usei o canal para um desabafo... Andar de carro aqui é difícil, o transporte público nem se fala. Mudar-se seria uma opção (e um sonho...), porém, não é tão simples arrumar emprego em outro lugar e abandonar família e amigos...
Tem alguma idéia? Escreve aí...
Abraços!
Um comentário:
Meu caro Ivanildo! Concordo plenamente. Pode crer! o seu desabafo é o meu... Acho um absurdo!!!! essa vidinha que o paulistano enfrenta. Eles ganham uma fortuna com Inspeção veicular. Onde isso vai parar? Uma pergunta que infelizmente não terá resposta. Abraços
Postar um comentário