segunda-feira, junho 29, 2009

Frankenstein

Um cara que se tornou um grande amigo nos últimos meses num dos nossos longos papos filosóficos onde falamos sobre tudo (e todos...rs) me disse uma vez que cada pessoa “é um pouquinho de seus amigos”. Assim, nos tornamos o resultado da soma de características, manias, jeitos, personalidade, gostos, daqueles que nos cercam e que de certa forma são como uma família: nossos amigos. Imediatamente associei essa idéia à criatura de “Frankenstein” que se forma a partir de pedaços diferentes, irregulares, disformes e que compõem de alguma maneira um todo.
Curioso, engraçado e ao mesmo tempo intrigante. Refleti um pouco sobre o assunto... Percebi que isso realmente se dá em alguma proporção nas pessoas em maior ou menor grau de intensidade.
Quantas vezes não vemos nossos amigos agirem como nós agiríamos diante de determinada situação ou ainda usando palavras, jeitos que remetem exatamente a uma determinada pessoa comum e que é constantemente lembrada?
Ou nós mesmos quantas vezes não nos pegamos numa frase ou situação em que agimos exatamente como alguém bem conhecido por nós?
Claro que isso não tira nossa individualidade e personalidade exclusivas. Somos todos seres únicos no universo, mas perceber que somos interdependentes, coletivos e ao mesmo tempo individuais e ainda parte de uma coisa só e que em alguma medida ajuda a compor “outros inteiros” faz com que nos lembremos de nossa condição humana, percebendo que absolutamente ninguém é auto-suficiente e que esse motivo, por si só, deveria estimular um pouco mais de amor pelo nosso semelhante e um pouco mais de solidariedade entre as pessoas.
Solidariedade: palavra tão falada e ao mesmo tempo tão pouco praticada por nós...
Faz-nos pensar ainda que muitas pessoas, apesar de toda a “carranca” e aparência assustadora ou ranzinza, muitas vezes abriga um bom coração e que só espera um pouco de carinho ou oportunidade para revelar seus verdadeiros sentimentos...

2 comentários:

Thalita Ventura disse...

Adorei o texto. Concordo plenamente quando você diz que adquirimos um pouquinho de nossos amigos, não só deles, mas de todas as pessoas que nos cercam durante todos os dias.
Ao ler esse último parágrafo minha mente me levou a uma pessoa exatamente da forma como você descreveu: ''apesar de toda a “carranca” e aparência assustadora ou ranzinza, muitas vezes abriga um bom coração e que só espera um pouco de carinho ou oportunidade para revelar seus verdadeiros sentimentos...'' e não existe nada melhor do que descobrir esse sentimento ... posso te afirmar isso. beijos, Ivan ;*

Anônimo disse...

Achei muito bacana a abordagem... Muito bom!!! Acredito que mais que adquirir caracteristicas de um terceiro, é preciso saber separar as coisas pois do contrario sempre iríamos sugerir uma verdadeira ''lobotomia'' uma vez que somos egoistas e sempre acreditamos que o que pensamos é o melhor para o outro.