Diante de tantas notícias ruins que nos cercam no dia-a-dia, tenho procurado alimentar a minha alma de esperança e amor, valorizando muito mais os sorrisos e alegrias cotidianos do que as desgraças e misérias que assolam nossa humanidade...
Pois bem, tive o privilégio de conhecer um sujeito pra lá de incrível, um homem com uma história de vida fantástica, que transmite alegria e distribui afeto por onde passa e que comove com suas composições e canções: Sr. Moacyr Franco.
Explico: A Fundação IDEPAC da qual faço parte como professor voluntário, através de sua direção criou uma campanha visando arrecadar aparelhos auditivos e decidiu para o lançamento da empreitada, convidar o Moacyr Franco para um show no Club Homs.
Todos que conhecem esse senhor distinto, despachado e sorridente, dispensam-no elogios, mas conhecê-lo pessoalmente e trocar algumas palavras com ele, ainda que por alguns minutos é uma experiência ímpar.
Apesar de não ser um artista de minha geração, já que conto com apenas 33 anos, cresci ouvindo suas inúmeras canções no rádio apreciadas pelos meus pais em sua própria voz ou através de intérpretes que gravavam as suas músicas.
No dia do lançamento e show em questão (26/11/08) decidi levar minha mãe e sua amiga para o show e lançamento da campanha em questão. Minha amada mãe por trabalhar num dos projetos da Secretaria de Cultura de São Paulo - "Casas de Cultura", já havia tido contato com o Moacyr durante um evento, do qual guarda carinhosamente uma foto que tiraram juntos, sendo assim, não perderia nova oportunidade.
O "homem Moacyr" surpreende pela sua simplicidade e transparência. Foi até a nossa Fundação, examinou nosso Coral formado por jovens alunos e ex-alunos, passou-lhes algumas lições rápidas de canto, além de estimulá-los ao crescimento mantendo vivo o sonho por seus ideais. Ali o vi de carne e osso, a quem cumprimentei fraternalmente.
Já no evento citado vi o "artista Moacyr". Múltiplo, cantou e encantou com sua voz e carisma. Atuou no palco e foi também espectador pedindo a participação do público em algumas de suas canções (escolhia um velhinho da platéia para dar uma "sacaneada" com a sua música "Se vira nos 50"). Desfilou entre os presentes na platéia cantando com todos que o seguiam com câmeras e celulares para conseguir uma foto sua. Escolheu uma das mais velhinhas do público, levou-a ao palco e com ela cantou e dançou. A emoção da senhora era visível. Os presentes tomados de emoção acompanhavam todos os gestos com atenção. O show foi marcado por bom humor, carisma e risos que arrancava do público com suas piadas.
Outro ponto alto para mim foi o momento em que o homem e o artista se fundiram. Moacyr relata aos presentes sua dificuldade logo após deixar o Congresso Nacional em 1987, onde cumpriu o mandato de Deputado Federal. Permanecera 17 anos afastado da mídia e não conseguia voltar aos palcos e shows.
Contou-nos que numa noite chuvosa em que fazia um "show" num circo localizado em Guarulhos - SP para 15 pessoas, viu chegar do meio da escuridão e chuva um homem alto e que fora lhe pedir um favor:
- Sr. Moacyr, posso gravar uma música sua?
- Sim, mas quem é você?
- Tenho uma dupla sertaneja.
- Certo. E que música quer gravar?
- "Seu amor ainda é tudo".
- Está bem e como chama a sua dupla?
- João Mineiro e Marciano.
Pronto. Foi-se embora, aquele homem sumindo em meio à chuva e à escuridão de onde veio. O resto é história: Aquele álbum daquela dupla ganhou inúmeros discos de ouro, vendendo a estrondosa marca de 2,5 milhões de discos vendidos.
Nesse momento, o Sr. Moacyr aproveita para passar a lição: Para que nos lembremos de que quando a noite está mais escura, mais próximo está o amanhecer! E inicia cantando a canção imortalizada na voz da dupla. A emoção estava no ar, vi homens bem sisudos e austeros em seus ternos tentando esconder em vão lágrimas que insistiam em brotar dos olhos; mulheres acompanhando junto a canção e mais jovens como eu, mesmo sem conhecer direito aquele Senhor, cantavam igualmente a música que sabiam decor.
Logo após a execução de "seu amor ainda é tudo", cantou "ainda ontem chorei de saudade", música que também fez muito sucesso na voz da dupla.
Tudo muito bonito. Como se não bastasse, ao término do show, "Moa" disse que receberia a todos para fotos, autógrafos e abraços ali mesmo no "pé do palco". E assim fez.
Incansável, atendeu a todos. Eu não podia ficar indiferente a um ser humano com idéias extraordinárias e com senso de humanidade tão apurados. Aguardei a dispersão da turba de tietes, e na minha oportunidade disse-lhe: Parabéns por ser um homem fantástico! Abracei-o, dei-lhe um beijo fraternal em seu rosto e tirei também uma foto (a ser postada aqui em breve...).
Assim é o Sr. Moacyr Franco, um homem em extinção. Que cativa pela simplicidade, humildade e maestria artística.
Que nasçam novos senhores dessa "estirpe", que não perdem o seu semelhante de vista e nem o colocam abaixo de bens tangíveis!
Moacyr Franco ao saber do intuito da campanha não cobrou cachê para o show...
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